domingo, 1 de maio de 2011

Como usar gesso para corrigir a deficiência de cálcio nos solos do Cerrado

Orientações para adoção adequada da técnica que favorece o aprofundamento das raízes das plantas


É cada vez maior a adesão dos agricultores ao uso do gesso agrícola (sulfato de cálcio) em suas propriedades. Na região do Cerrado, que apresenta cerca de 80% de sua área com algum problema de acidez, como excesso de alumínio associado a baixos teores de cálcio, a utilização do gesso é responsável pela melhora significativa do ambiente radicular em profundidade para as plantas. Durante o Prosa Rural, o pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina/ DF), Djalma Martinhão, traz orientações para a adoção dessa prática.


Ao contrário do que muitos acreditam, em solos ácidos, a deficiência de cálcio não ocorre apenas na camada superficial. O problema é constatado também abaixo dos primeiros 20 centímetros do solo e, nesses casos, a calagem não corrige de forma satisfatória a acidez e a deficiência de cálcio. A aplicação do gesso supre o solo com cálcio e reduz a toxidez do alumínio até as camadas mais profundas. Dessa forma, ela favorece o aprofundamento das raízes e permite que as plantas superem o veranico e utilizem com mais eficiência a água e os nutrientes do solo. A profundidade do solo que a gessagem é capaz de corrigir depende da cultura. Para as anuais, a recomendação é que a gessagem atinja a profundidade de 60 centímetros e para as culturas perenes, 80 centímetros.


O pesquisador Djalma Martinhão, alerta, no entanto, para um erro comum: utilizar o gesso sem saber primeiro se é mesmo necessário. “Para fazer essa avaliação é importante que o agricultor conte com o auxílio de um profissional capacitado para analisar o solo e, assim, verificar se a área apresenta deficiência de cálcio e excesso de alumínio em profundidade”, recomenda.


A amostragem do solo para as análises químicas deverá ser feita na profundidade de 40 a 60cm para culturas anuais e, no caso das culturas perenes, deve-se recolher amostras de duas profundidades distintas: da camada de 20 a 40cm e também de 60 a 80 cm. Nesses casos, é recomendado que o teor de argila seja determinado. A saturação de alumínio e o teor de cálcio apresentados pelo resultado da análise é que vão indicar se a aplicação do gesso deve ou não ser adotada.


A tecnologia do uso do gesso na região do Cerrado foi lançada em 1995 e a Embrapa Cerrados foi quem primeiro recomendou seu uso. Nessa época, eram vendidas cerca de 200 mil toneladas de gesso por ano. “Hoje, já atingimos três milhões de toneladas por ano”, informa Martinhão. O sucesso dessa tecnologia, segundo o pesquisador, se deve ao fato de o produto reduzir as perdas em produtividade das plantas quando ocorrem os veranicos e ao aumento da eficiência de uso dos fertilizantes adicionados ao solo.


A gessagem é uma tecnologia relativamente barata - uma tonelada de gesso está em torno de R$ 30,00. Dependendo do local da propriedade, o maior custo é o do frete, pois para suprir a região do Cerrado encontra-se gesso em Uberaba (MG) e Catalão (GO). Também é possível comprar o gesso nos estados da região nordeste do país.


Segundo o pesquisador, para cultura do café a relação custo-benefício desse subproduto é muito alta; ficando em torno de R$ 25,00 de ganho em cada real investido no uso do gesso em um período de oito anos. Para culturas como soja e milho, o retorno da aplicação em gesso é de 15 a 25 para um, ou seja, para cada real aplicado o retorno é de R$ 15,00 a R$ 25,00.


Saiba mais sobre este assunto ouvindo o Prosa Rural, o programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.


Responsável: Juliana Caldas (4861/14//90/DF)
Email: juliana.caldas@cpac.embrapa.br
Unidade: Embrapa Cerrados

Fonte: Embrapa Informação Tecnológica