A gessagem estimula o enraizamento das plantas devido à presença de cálcio (Ca) solúvel no gesso. As raízes das plantas são estimuladas a crescer, principalmente em profundidade no solo que contém baixo teor de Ca. Além disso, o sulfato (SO4=) também presente no gesso forma um complexo com alumínio (Al) tóxico do solo, reduzindo a toxidez, o que também estimula o crescimento das raízes das plantas.
Aplicação de gesso x enraizamento
Em solos onde o teor de Ca é baixo em profundidade, bem como a toxidez de alumínio é alta, o que é comum nos solos da região do Cerrado, é imprescindível a aplicação de gesso para promover o bom enraizamento das plantas, principalmente em profundidade.
Caso não se utilize o gesso, o desenvolvimento das plantas é menor, bem como a eficiência dos fertilizantes aplicados ao solo também é baixa, reduzindo o retorno econômico dos produtores.
Para Djalma Martinhão Gomes de Sousa, pesquisador da Embrapa Cerrados, as produtividades das culturas são menores quando não se utiliza o gesso devido ao pequeno acesso à água e nutrientes do solo, pois as raízes das plantas ficam mais na superfície do solo, limitadas à exploração de pequeno volume do mesmo.
Na foto acima as duas plantas de algodão da esquerda apresentam a raiz principal torta, devido ao baixo teor de Ca e alta toxidez de alumínio do solo em profundidade. Comadição de gesso, que ocorreu para as duas plantas da direita, a raiz principal cresceu em profundidade, pois o gesso forneceu Ca e reduziu a toxidez do alumínio em camadas mais profundas de solo.
A dose de gesso recomendada para esse solo foi de 3 t/ha. Observa-se também o maior desenvolvimento das plantas de algodão (as duas à direita na foto) onde o gesso foi aplicado. O rendimento do algodão em caroço da área sem gesso foi de 3,0 t/ha, enquanto que na área com gesso foram produzidas 5,9 t/ha, ou seja, um acréscimo no rendimento de 96,7%.
Culturas beneficiadas
Em trabalhos de pesquisa foram obtidas boas respostas para as seguintes culturas: soja, milho, trigo, feijão, amendoim, algodão, cana-de-açúcar, café, eucalipto, manga, laranja, abacaxi, leguminosas e gramíneas forrageiras, dentre outras.
O primeiro passo recomendado por Djalma Martinhão é avaliar se o solo tem teor de Ca baixo e toxidez de alumínio alta. "Para isso é necessário retirar uma amostra de solo representativa da área tanto da camada superficial (0 a 20 cm) como da camada profunda (20 a 40 cm e 40 a 60 cm). Enviar a amostra de solo para o laboratório de análise química e física, e solicitar que sejam feitas as determinações de rotina (pH em água e CaCl2, alumínio trocável, cálcio trocável, magnésio trocável, potássio trocável, fósforo, dentre outras determinações), como também o teor de argila", destaca.
De posse dos resultados é importante verificar os dados das camadas de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm se o teor de Ca é menor que 0,5 cmolc/dm³, e a saturação de alumínio maior que 20% em alguma delas. Caso isso ocorra, o gesso deve ser aplicado ao solo.
Para calcular a dose de gesso, expõe o pesquisador, necessitamos do teor de argila do solo e saber se a área será cultivada com culturas anuais ou perenes. O cálculo é feito utilizando uma das fórmulas abaixo:
Culturas anuais: D.G. (kg/ha) = 50 x argila (%)
Culturas perenes: D.G. (kg/ha) = 75 x argila (%)
D.G. = dose de gesso agrícola com 15% de enxofre.
Resultados de campo
Para culturas como soja, feijão e amendoim ocorrem aumentos na produtividade em torno de 30%. Culturas como algodão, milho e trigo os aumentos em produtividade podem chegar a 100%. Em cana-de-açúcar os ganhos em produtividade para cana planta são em média de 20% e em cana soca entre 30% a 40%. Para a cultura do café são obtidos ganhos de até 50%.
"O erro mais comum é não proceder à análise do solo para verificar se é necessário utilizar o gesso na área. O outro problema é não utilizar as fórmulas para o cálculo da dose correta de gesso. Tem ocorrido em algumas lavouras o uso de doses de gesso bem acima do recomendado, o que pode gerar problemas ambientais, como também reduz o retorno econômico do produtor", destaca Djalma Martinhão.
Segundo o pesquisador, para ter sucesso com o uso dessa tecnologia o ideal é contar com o acompanhamento de um engenheiro agrônomo ou empresas de assistência técnica. "É imprescindível que se faça a análise do solo para avaliar se é necessária a utilização do gesso", enfatiza o pesquisador.
Fonte: Campo e Negócios
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