terça-feira, 11 de setembro de 2012
Fretes aumentam com nova lei
Passados mais de quatro meses desde que foi sancionada e após uma paralisação da categoria ao fim de julho e um período de fiscalização com caráter educativo, a chamada "lei do caminhoneiro" entra efetivamente em vigor amanhã, quando os motoristas poderão ser multados se descumprirem as regras.
A Lei n 12.619 continua alvo de críticas e tem exigido uma série de adaptações operacionais e financeiras pelas grandes transportadoras brasileiras. A obrigatoriedade de um descanso de 30 minutos a cada quatro horas de rodagem, o respeito de uma hora diária para almoço e o repouso por 11 horas a cada 24 horas trabalhadas são alguns dos fatores que têm levado as empresas a aumentarem o número de funcionários próprios ou terceirizados. Segundo companhias consultadas pelo Valor, os custos já apresentam um aumento de até 40%.
Até o momento, a Gafor Logística conseguiu ajustar 70% de seus contratos e aponta uma elevação de 20% a 30% no valor do frete, por conta do maior número de veículos e também de motoristas, cuja quantidade subiu 35%. A avaliação sobre a nova legislação, contudo, é positiva.
"A lei tem um período natural de ajuste, traz uma mudança enorme, mas normatiza o segmento. A médio ou longo prazo ela é favorável", diz o presidente da Gafor, Sergio Maggi Júnior.
No caso da JSL, o impacto foi menor, dado que pouco mais de dois terços dos trajetos são de curta distância e pelo fato de os caminhões da empresa não rodarem após as 22h. Ainda assim, em casos específicos, o aumento do custo pode chegar a 40%. "Todas as operações sofrem impacto, ainda que pequeno", comenta o diretor de operações da companhia, Adriano Thiele.
Por conta da parada obrigatória após quatro horas de trabalho, a JSL promoveu algumas mudanças. Os motoristas rodam agora com diários de bordo onde precisam registrar cada parada.
"O procedimento de gestão muda bastante, mas a rotina do motorista não sofre impacto. As operações mais afetadas são as de cargas perecíveis. Em alguns casos, tivemos de chamar motoristas adicionais, mas essas são apenas operações pontuais", ressalta o executivo da JSL, empresa que conta hoje com cerca de 7 mil motoristas e segue em período de contratações.
A JSL também considera a nova regulamentação positiva, mas avalia que os motoristas precisam contar com infraestrutura para cumprir a nova legislação. A lei estabeleceu que deveriam ser montados pontos de apoio a cada 200 quilômetros nas rodovias, mas o item foi vetado pela presidente Dilma Rousseff.
"Contamos com 139 filiais, mas existem muitos motoristas sem ter onde parar hoje. Ainda há um dever de casa para ser cumprido", observa Thiele.
A Mira Transportes calcula um aumento de ao menos 30% no seu quadro de motoristas que operam em longas distâncias - percursos a partir de 600 quilômetros. O presidente-executivo da empresa, Carlos Mira, também relata dificuldade em novas contratações e, por conta disso, tem realizado treinamentos e promovido funcionários ao cargo de motorista. A frota da empresa de transportes só não sofrerá um crescimento acima do normal porque os negócios estão mais desaquecidos.
"Todo ano, atualizamos a frota, atualmente de 550 veículos, comprando até 20% a mais. Desta vez, a alta será de apenas 10%, porque tivemos um primeiro semestre ruim", conta Mira.
A Atlas Transportes & Logística ainda não sentiu necessidade de aumentar o quadro de motoristas para grande parte de suas operações por elas serem, em sua maioria, de curta distância. Já para os trechos mais longos, a empresa deverá elevar a quantidade e a participação de terceiros, em função da redução do número de viagens realizadas pelos veículos.
"A indústria será obrigada a rever seu planejamento de vendas considerando os novos prazos de entrega. Já os operadores logísticos e as transportadoras deverão estudar formas de compensar a produtividade dos veículos através de uma melhor programação de transporte, redução dos tempos de carga e descarga e agendamento das entregas como forma de minimizar os custos agregados à operação. Ainda assim, é bem provável o repasse, mesmo que parcial, dos custos nos fretes de nossos clientes", diz o diretor de planejamento e marketing da Atlas, Lauro Felipe Megale.
Também favorável à legislação, ele destaca que as novas medidas poderão contribuir para a redução dos índices de acidentes nas estradas brasileiras.
Beatriz Cutait
Fonte: Valor Econômico
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Recomendação de gesso agrícola para a cultura do café
A maioria dos solos utilizados para o plantio do café no Brasil apresenta baixos teores de cálcio trocável e elevados teores de alumínio, especialmente em camadas mais profundas. Dessa forma, as raízes do cafeeiro tendem a ficar concentradas na superfície do solo, o que torna as plantas extremamente suscetíveis a veranicos, além de reduzir a absorção de nutrientes que estão distribuídos em um maior volume de solo. Mas porque as raízes se concentram na superfície?
O efeito do calcário, em geral, não é observado em camadas mais profundas do solo, uma vez que o ânion acompanhante carbonato (CO32-) imprime reduzida mobilidade ao cálcio no perfil do solo. É por isso que, ao se recomendar a calagem em cobertura, deve-se fazer a correção para 7 cm de profundidade, para que não ocorra uma supercalegem. Assim, grande parte do cálcio fica restrita às camadas superficiais do solo.
O cálcio, por sua vez, é um elemento essencial para o crescimento vegetal, apresentando mobilidade intermediária no solo e pouquíssima, ou nenhuma, mobilidade nas plantas. Dessa forma, o cálcio enviado das raízes para as folhas do café não é retranslocado para as raízes novamente, como acontece com o fósforo. Pode-se, então, fazer uma afirmativa de fácil entendimento: "as raízes do cafeeiro crescem em busca de cálcio, e, onde não houver cálcio, praticamente não haverá raízes de café".
Além disso, o alumínio (Al3+) presente em camadas inferiores, não corrigidas pelo calcário, é tóxico para as plantas em concentrações elevadas. Portanto, haverá pouco crescimento radicular nessas camadas, devido aos baixos teores de cálcio e à possível toxidez de alumínio.
Para contornar esse problema, que muitas vezes não fica explícito, mas que reduz a produção das lavouras, deve-se utilizar o gesso. O gesso agrícola é composto basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), contendo, aproximadamente, 32,6 % de CaO e 18,7 % de S, sendo fonte, além de cálcio, de enxofre. É um sal neutro e dissocia-se, quando em solução, em Ca2+ e SO4-2. Logo, não apresenta receptores de prótons (OH- e HCO3- ), ou seja, não é capaz, a princípio, de neutralizar a acidez do solo, muito menos de elevar a CTC. Dessa forma, é considerado como um condicionador do solo, não um corretivo.
O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao cálcio, permitindo que este nutriente chegue a camadas mais profundas do solo. Além disso, o sulfato, oriundo do gesso, se liga ao alumínio do solo, formando o sulfato de alumínio (AlSO4+), que é uma forma menos tóxica para as plantas. O gesso promove, também, outras formas de redução da toxidez de alumínio, como a "auto-calagem" ou a formação de AlF2+, mas essas ocorrem com menor intensidade do que a formação de AlSO4+.
Por fornecer enxofre e cálcio, dar mobilidade ao cálcio até camadas mais profundas do solo e reduzir a toxidez de alumínio em sub-superfície, o gesso é um insumo fundamental para a cultura do café, pois favorece o crescimento e o desenvolvimento radicular. Com isso, as plantas ficam menos sensíveis a períodos de veranico e são capazes de absorver nutrientes presentes em um maior volume de solo.
Aplicação de gesso
O gesso é um importante insumo para a cafeicultura, mas tem seu emprego limitado a situações particulares bem definidas. O uso indiscriminado de gesso nas lavouras pode causar problemas em vez de benefícios e prejuízos em vez de lucros.
A utilização do gesso é prescrita para as três situações de sub-solo listadas a seguir. Se apenas uma delas for satisfeita, deve-se aplicar o gesso.
- Teor de cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.
- Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3.
- Saturação por alumínio (m) maior que 30 %.
Essas são situações a serem determinadas no sub-solo, por meio de análises químicas. Portanto, a amostragem de solo, para esse caso, deve ser realizada na camada de 20 - 40 cm de profundidade, ou mais profundas, não na de 0 - 20 cm. Para verificar a necessidade de aplicação de gesso, os resultados analíticos da camada de 0 - 20 cm não querem dizer muita coisa. Essa decisão só pode ser tomada a partir dos resultados analíticos da camada de 20 - 40 cm.
Concluindo-se pela aplicação do gesso, segundo as três regras citadas, o cálculo da quantidade a ser utilizada é muito simples e baseado no cálculo para a necessidade de calagem (já discutido em artigo anterior). Divide-se em necessidade de gessagem (NG) e quantidade de gesso a ser aplicada (QG).
NG = 0,30 x NC, onde:
NG = Necessidade de gesso, em t/ha.
NC = Necessidade de calcário, em t/ha (calculada para a camada que se deseja corrigir com gesso, não para a camada de 0 - 20 cm. Essa NC é utilizada apenas para o cálculo da NG, não sendo aplicada ao solo).
QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:
QG = Quantidade de gesso a ser aplicada para corrigir determinada camada de solo, em t/ha.
NG = Necessidade de gesso, em t/ha.
SC = Superfície coberta pelo gesso, em %. (para área total utiliza-se SC = 100 %; para aplicação em faixas utiliza-se SC = 75 %).
PF = Espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. (para a camada de 20 a 40 cm utiliza-se PF = 20 cm; para a camada de 30 a 60 cm utiliza-se PF = 30 cm).
O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferível que seja usado após a aplicação deste. Aplica-se a quantidade de calcário calculada para a camada de 0-20 cm e a quantidade de gesso calculada para a camada sub-superficial. O gesso pode ser aplicado em cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo. Se não houver necessidade de calagem para a camada superficial, pode-se aplicar apenas o gesso, mas esta condição deve ser revista anualmente.
A aplicação de gesso, mal calculada e sem o prévio conhecimento se há necessidade de calagem para a camada superficial, é prejudicial ao equilíbrio químico do solo e à nutrição balanceada do cafeeiro. No entanto, quando bem prescrita e calculada, a aplicação de gesso é fundamental para que sejam alcançadas elevadas produtividades na cafeicultura.
Fonte: André Guarçoni M.
D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)
O efeito do calcário, em geral, não é observado em camadas mais profundas do solo, uma vez que o ânion acompanhante carbonato (CO32-) imprime reduzida mobilidade ao cálcio no perfil do solo. É por isso que, ao se recomendar a calagem em cobertura, deve-se fazer a correção para 7 cm de profundidade, para que não ocorra uma supercalegem. Assim, grande parte do cálcio fica restrita às camadas superficiais do solo.
O cálcio, por sua vez, é um elemento essencial para o crescimento vegetal, apresentando mobilidade intermediária no solo e pouquíssima, ou nenhuma, mobilidade nas plantas. Dessa forma, o cálcio enviado das raízes para as folhas do café não é retranslocado para as raízes novamente, como acontece com o fósforo. Pode-se, então, fazer uma afirmativa de fácil entendimento: "as raízes do cafeeiro crescem em busca de cálcio, e, onde não houver cálcio, praticamente não haverá raízes de café".
Além disso, o alumínio (Al3+) presente em camadas inferiores, não corrigidas pelo calcário, é tóxico para as plantas em concentrações elevadas. Portanto, haverá pouco crescimento radicular nessas camadas, devido aos baixos teores de cálcio e à possível toxidez de alumínio.
Para contornar esse problema, que muitas vezes não fica explícito, mas que reduz a produção das lavouras, deve-se utilizar o gesso. O gesso agrícola é composto basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), contendo, aproximadamente, 32,6 % de CaO e 18,7 % de S, sendo fonte, além de cálcio, de enxofre. É um sal neutro e dissocia-se, quando em solução, em Ca2+ e SO4-2. Logo, não apresenta receptores de prótons (OH- e HCO3- ), ou seja, não é capaz, a princípio, de neutralizar a acidez do solo, muito menos de elevar a CTC. Dessa forma, é considerado como um condicionador do solo, não um corretivo.
O ânion acompanhante sulfato (SO42-) imprime elevada mobilidade ao cálcio, permitindo que este nutriente chegue a camadas mais profundas do solo. Além disso, o sulfato, oriundo do gesso, se liga ao alumínio do solo, formando o sulfato de alumínio (AlSO4+), que é uma forma menos tóxica para as plantas. O gesso promove, também, outras formas de redução da toxidez de alumínio, como a "auto-calagem" ou a formação de AlF2+, mas essas ocorrem com menor intensidade do que a formação de AlSO4+.
Por fornecer enxofre e cálcio, dar mobilidade ao cálcio até camadas mais profundas do solo e reduzir a toxidez de alumínio em sub-superfície, o gesso é um insumo fundamental para a cultura do café, pois favorece o crescimento e o desenvolvimento radicular. Com isso, as plantas ficam menos sensíveis a períodos de veranico e são capazes de absorver nutrientes presentes em um maior volume de solo.
Aplicação de gesso
O gesso é um importante insumo para a cafeicultura, mas tem seu emprego limitado a situações particulares bem definidas. O uso indiscriminado de gesso nas lavouras pode causar problemas em vez de benefícios e prejuízos em vez de lucros.
A utilização do gesso é prescrita para as três situações de sub-solo listadas a seguir. Se apenas uma delas for satisfeita, deve-se aplicar o gesso.
- Teor de cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.
- Teor de alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3.
- Saturação por alumínio (m) maior que 30 %.
Essas são situações a serem determinadas no sub-solo, por meio de análises químicas. Portanto, a amostragem de solo, para esse caso, deve ser realizada na camada de 20 - 40 cm de profundidade, ou mais profundas, não na de 0 - 20 cm. Para verificar a necessidade de aplicação de gesso, os resultados analíticos da camada de 0 - 20 cm não querem dizer muita coisa. Essa decisão só pode ser tomada a partir dos resultados analíticos da camada de 20 - 40 cm.
Concluindo-se pela aplicação do gesso, segundo as três regras citadas, o cálculo da quantidade a ser utilizada é muito simples e baseado no cálculo para a necessidade de calagem (já discutido em artigo anterior). Divide-se em necessidade de gessagem (NG) e quantidade de gesso a ser aplicada (QG).
NG = 0,30 x NC, onde:
NG = Necessidade de gesso, em t/ha.
NC = Necessidade de calcário, em t/ha (calculada para a camada que se deseja corrigir com gesso, não para a camada de 0 - 20 cm. Essa NC é utilizada apenas para o cálculo da NG, não sendo aplicada ao solo).
QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:
QG = Quantidade de gesso a ser aplicada para corrigir determinada camada de solo, em t/ha.
NG = Necessidade de gesso, em t/ha.
SC = Superfície coberta pelo gesso, em %. (para área total utiliza-se SC = 100 %; para aplicação em faixas utiliza-se SC = 75 %).
PF = Espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. (para a camada de 20 a 40 cm utiliza-se PF = 20 cm; para a camada de 30 a 60 cm utiliza-se PF = 30 cm).
O gesso pode ser aplicado junto com o calcário, mas é preferível que seja usado após a aplicação deste. Aplica-se a quantidade de calcário calculada para a camada de 0-20 cm e a quantidade de gesso calculada para a camada sub-superficial. O gesso pode ser aplicado em cobertura, sem necessidade de incorporação, pois é muito móvel no solo. Se não houver necessidade de calagem para a camada superficial, pode-se aplicar apenas o gesso, mas esta condição deve ser revista anualmente.
A aplicação de gesso, mal calculada e sem o prévio conhecimento se há necessidade de calagem para a camada superficial, é prejudicial ao equilíbrio químico do solo e à nutrição balanceada do cafeeiro. No entanto, quando bem prescrita e calculada, a aplicação de gesso é fundamental para que sejam alcançadas elevadas produtividades na cafeicultura.
Fonte: André Guarçoni M.
D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)
sexta-feira, 9 de março de 2012
Três milhões de toneladas de gesso agrícola são vendidas por ano
Utilizado desde os anos 90, o gesso agrícola passou a ser mais aplicado nos últimos anos. Em 1995, eram vendidas duzentas mil toneladas por ano. Agora, já são três milhões de toneladas. Porém, o uso indiscriminado pode ter efeito contrário e ainda prejudicar o solo. O gesso atua nas camadas mais profundas e permite que as plantas tenham raízes maiores, resistindo melhor à seca. A maioria dos agricultores do Cerrado usa o insumo, como o produtor Luiz Vicente Ghesti, que sabe que o resultado depende da aplicação correta. — Se usado em quantidade não recomendada, ele poderá carrear, ou seja, diminuir os nutrientes da camada superficial, exigindo adubação extra em função do ter retirado esse nutriente dessa camada — explica Ghesti.
Um dos motivos para o uso indiscriminado é a relação custo benefício. Na soja, por exemplo, para cada real investido o retorno chega a R$ 15 em oito anos, período que o produto continua agindo, sem a necessidade de reaplicar. O aumento na produtividade acaba sendo outro estímulo. — A melhor distribuição das raízes aumenta a produtividade. O algodão tem o dobro, o milho 50%, o trigo 50%, a soja 30%, o feijão 30% e a cana 30% também — avalia o pesquisador da Embrapa Cerrados Djalma Martinhão.
A sugestão dos pesquisadores da Embrapa é fazer sempre a análise do solo e seguir as orientações de um engenheiro agrônomo. — Se eu não fizer a análise do solo, posso estar colocando onde não é necessário e também posso por menos do que o necessário, e aí não vou ganhar em produtividade, o que ganharia se estivesse certo — conclui Martinhão.
Fonte: Canal Rural
Um dos motivos para o uso indiscriminado é a relação custo benefício. Na soja, por exemplo, para cada real investido o retorno chega a R$ 15 em oito anos, período que o produto continua agindo, sem a necessidade de reaplicar. O aumento na produtividade acaba sendo outro estímulo. — A melhor distribuição das raízes aumenta a produtividade. O algodão tem o dobro, o milho 50%, o trigo 50%, a soja 30%, o feijão 30% e a cana 30% também — avalia o pesquisador da Embrapa Cerrados Djalma Martinhão.
A sugestão dos pesquisadores da Embrapa é fazer sempre a análise do solo e seguir as orientações de um engenheiro agrônomo. — Se eu não fizer a análise do solo, posso estar colocando onde não é necessário e também posso por menos do que o necessário, e aí não vou ganhar em produtividade, o que ganharia se estivesse certo — conclui Martinhão.
Fonte: Canal Rural
quinta-feira, 8 de março de 2012
Efeitos da utilização de gesso e boro em plantas cítricas
A nutrição das plantas cítricas é prática reconhecida como um dos principais fatores de incremento de produtividade na cultura, seja pela aplicação de nutrientes via solo ou via foliar.
Como prática usual, na maioria das vezes, os macronutrientes são aplicados no solo e os micronutrientes são aplicados via folhas. Há hoje, no entanto, uma linha de pesquisadores que defendem a aplicação de micronutrientes via solo, principalmente o boro.
Outra prática, também pouco utilizada nos citros é a aplicação de gesso agrícola, provavelmente devido a uma antiga crença de que este “arrastaria” nutrientes, principalmente o potássio, para o subsolo, fora do alcance das raízes.
Baseado em informações fornecidas pelo Eng° Agr° Ronaldo Cabrera, que vem trabalhando já há algum tempo com a aplicação de gesso e boro em citros, buscando inclusive a recuperação de plantas com sintomas de CVC, o Departamento Técnico da Coopercitrus instalou alguns campos demonstrativos visando ao acompanhamento desta prática nos pomares.
Como prática usual, na maioria das vezes, os macronutrientes são aplicados no solo e os micronutrientes são aplicados via folhas. Há hoje, no entanto, uma linha de pesquisadores que defendem a aplicação de micronutrientes via solo, principalmente o boro.
Outra prática, também pouco utilizada nos citros é a aplicação de gesso agrícola, provavelmente devido a uma antiga crença de que este “arrastaria” nutrientes, principalmente o potássio, para o subsolo, fora do alcance das raízes.
Baseado em informações fornecidas pelo Eng° Agr° Ronaldo Cabrera, que vem trabalhando já há algum tempo com a aplicação de gesso e boro em citros, buscando inclusive a recuperação de plantas com sintomas de CVC, o Departamento Técnico da Coopercitrus instalou alguns campos demonstrativos visando ao acompanhamento desta prática nos pomares.
Objetivos
Os objetivos da instalação destes campos foi demonstrar:
1) Distribuição do sistema radicular em diferentes profundidades no perfil do solo
2) Comparar os teores de nutrientes em três profundidades do solo
3) Comparar os teores de nutrientes nas folhas
4) Comparar a produtividade nos diferentes tratamentos efetuados.
5) Realizar uma avaliação visual em relação aos sintomas de CVC e tamanho de frutos
1) Distribuição do sistema radicular em diferentes profundidades no perfil do solo
2) Comparar os teores de nutrientes em três profundidades do solo
3) Comparar os teores de nutrientes nas folhas
4) Comparar a produtividade nos diferentes tratamentos efetuados.
5) Realizar uma avaliação visual em relação aos sintomas de CVC e tamanho de frutos
Metodologia
Os resultados citados são referentes ao campo demonstrativo instalado no Sítio Nossa Senhora Aparecida (em 2003), de propriedade do cooperado Sebastião Ferreira, localizado no distrito de Turvínea, Município de Bebedouro - SP.
Foram realizados 3 tratamentos em um pomar da variedade Natal, com 7 anos de plantio, plantadas num espaçamento de 7 x 4 metros, num total de 357 plantas / ha. A dose de gesso utilizada foi de 2,0 toneladas / ha. A dose de boro utilizada foi de 4,0 Kg / ha sendo este aplicado sob a forma de ulexita (10 % de boro) e de ácido bórico (17% de boro). A ulexita foi aplicada sob a copa das plantas, de uma só vez, numa dosagem de 120 gramas/planta. O ácido bórico foi aplicado juntamente com o herbicida na dosagem de 23,5 Kg / ha, divididos em duas aplicações. Foram deixadas 4 ruas como testemunha onde não foi aplicado nem o gesso, nem qualquer fonte de boro. A aplicação do gesso foi realizada dia 30/10/2002. As aplicações do ácido bórico foram realizadas juntamente com as aplicações de herbicidas nos dias 20/11/2002 e 10/02/2003. A ulexita foi aplicada dia no dia 05/11/2002.
Para se avaliar a distribuição do sistema radicular, foi aberta uma trincheira de 1 metro de profundidade ao lado de uma planta em cada tratamento. Foi realizada uma avaliação visual, estimando-se a distribuição das raízes nas diferentes profundidades do solo.
Para avaliação dos teores de nutrientes no solo, foram coletadas 20 amostras em cada tratamento em 3 profundidades diferentes:0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. Para avaliação dos teores foliares, foram coletadas uma amostra de 100 folhas em cada tratamento.
Visando avaliação da produtividade, foram escolhidas 14 plantas em cada tratamento, sendo descartadas os dois melhores e os dois piores resultados, sendo consideradas 10 plantas úteis por tratamento.
Foram realizados 3 tratamentos em um pomar da variedade Natal, com 7 anos de plantio, plantadas num espaçamento de 7 x 4 metros, num total de 357 plantas / ha. A dose de gesso utilizada foi de 2,0 toneladas / ha. A dose de boro utilizada foi de 4,0 Kg / ha sendo este aplicado sob a forma de ulexita (10 % de boro) e de ácido bórico (17% de boro). A ulexita foi aplicada sob a copa das plantas, de uma só vez, numa dosagem de 120 gramas/planta. O ácido bórico foi aplicado juntamente com o herbicida na dosagem de 23,5 Kg / ha, divididos em duas aplicações. Foram deixadas 4 ruas como testemunha onde não foi aplicado nem o gesso, nem qualquer fonte de boro. A aplicação do gesso foi realizada dia 30/10/2002. As aplicações do ácido bórico foram realizadas juntamente com as aplicações de herbicidas nos dias 20/11/2002 e 10/02/2003. A ulexita foi aplicada dia no dia 05/11/2002.
Para se avaliar a distribuição do sistema radicular, foi aberta uma trincheira de 1 metro de profundidade ao lado de uma planta em cada tratamento. Foi realizada uma avaliação visual, estimando-se a distribuição das raízes nas diferentes profundidades do solo.
Para avaliação dos teores de nutrientes no solo, foram coletadas 20 amostras em cada tratamento em 3 profundidades diferentes:0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. Para avaliação dos teores foliares, foram coletadas uma amostra de 100 folhas em cada tratamento.
Visando avaliação da produtividade, foram escolhidas 14 plantas em cada tratamento, sendo descartadas os dois melhores e os dois piores resultados, sendo consideradas 10 plantas úteis por tratamento.
Resultados
Em relação à distribuição do sistema radicular no perfil do solo, foram obtidos os resultados demonstrados no gráfico 01 e nas fotos 01, 02 e 03.
Conforme pode-se observar no gráfico 01, na área testemunha, 80% das raízes estavam localizadas de 0 a 20 cm de profundidade, 15% de 20 a 40 cm, 5% de 40 a 60 cm e não havia nenhuma raiz (0%) na profundidade de 60 a 80 cm.
Conforme pode-se observar no gráfico 01, na área testemunha, 80% das raízes estavam localizadas de 0 a 20 cm de profundidade, 15% de 20 a 40 cm, 5% de 40 a 60 cm e não havia nenhuma raiz (0%) na profundidade de 60 a 80 cm.
No tratamento do gesso + ácido bórico, 55 % das raízes se encontravam na profundidade de 0 a 20 cm, 25% de 20 a 40cm, 15% de 40 a 60 cm e 5% das raízes se encontravam na profundidade de 60 a 80 cm. (Foto 02)
No tratamento do gesso + ulexita, foi encontrada a melhor distribuição e o maior aprofundamento das raízes no perfil do solo. Neste tratamento 35% das raízes se encontravam na profundidade de 0 a 20 cm, 35% de 20 a 40 cm, 20% se localizavam entre 40 e 60 cm e 10 % das raízes se encontravam entre 60 e 80 cm de profundidade. (Foto 03)
Quanto aos teores de nutrientes no solo, pode-se observar o comportamento dos mesmos nos dois tratamentos e na testemunha, observando-se os gráficos 02, 03, 04 e 05:
- No gráfico 02, percebe-se claramente o aumento nos teores de cálcio no solo, nos tratamentos que foi aplicado gesso, em relação à testemunha. No tratamento de gesso + ulexita, ocorreu um aumento de 80 % nos níveis de cálcio na profundidade de 0 a 20 cm, 85,7 % na profundidade de 20 a 40 cm e de 66,7% na profundidade de 40 a 60 cm em relação à área testemunha, onde não foi aplicado gesso. No tratamento de gesso + ácido bórico o aumento dos níveis de cálcio em relação à testemunha foi de 160% de 0 a 20 cm, 71,4% de 20 a 40 cm e de 66,7% na profundidade de 40 a 60 cm.
Em relação aos teores de boro no solo, verifica-se no gráfico 03, que os tratamentos com ulexita e ácido bórico, aumentaram os teores deste nutriente. Onde se aplicou a ulexita, o incremento nos níveis de boro foram de 132 % na profundidade de 0 a 20 cm, 246 % de 20 a 40 cm e de 431% na profundidade de 40 a 60 cm. Na aplicação de ácido bórico, esse aumento foi menor, sendo de 87% de 0 a 20cm, 34,6% de 20 a 40 cm e de 41% de 40 a 60 cm de profundidade.
No gráfico 04, pode-se notar que a aplicação de gesso cumpriu um de seus papéis, que é a eliminação do alumínio tóxico na sub-superfície do solo.
Quanto a lixiviação do potássio, que seria provocada pela aplicação de gesso, nota-se no gráfico 05, que nada ocorreu neste sentido, pois os teores deste nutriente mostram-se praticamente sem diferença entre a testemunha e os dois tratamentos em que se utilizou o gesso.
- Quanto aos teores de boro nas folhas, verifica-se no gráfico 06 que as duas formas de aplicação deste elemento via solo, promoveram aumento dos teores nas folhas. O tratamento que utilizou ácido bórico, via barra de herbicida, promoveu um aumento de 19% do nível de boro, quando comparado à testemunha (que recebeu boro via adubação foliar, como normalmente se faz na propriedade) e o tratamento que utilizou ulexita aplicado sob a copa das plantas, aumentou em 62% os teores de boro nas folhas, também em relação à testemunha
- Quanto à produtividade, pode-se verificar, conforme gráfico 07 que também os dois tratamentos promoveram aumento considerável na quantidade de caixas produzidas por planta. Neste caso, a aplicação de gesso + ulexita promoveu aumento de produtividade de 15,15%, enquanto no tratamento de gesso + ácido bórico este aumento foi de 26,67%.
- Em relação aos sintomas de CVC, pode-se verificar uma maior brotação das plantas, mesmo dos ramos atacados, com sensível melhoria do enfolhamento dos ponteiros. Verifica-se também, um melhor aspecto visual das plantas e nota-se um menor quantidade de frutos pequenos, sintoma típico da CVC, nas áreas tratadas com gesso + boro.
Conclusões
Com base nos dados obtidos neste campo demonstrativo, pode concluir que a aplicação de gesso + boro é uma prática que pode ser adotada nos pomares cítricos, principalmente pela excelente relação custo/benefício obtida.
Em relação à forma de boro aplicada juntamente com o gesso, pôde-se verificar que o maior incremento dos níveis deste nutriente no solo e na folha foram obtidos com a aplicação de ulexita, porém, neste primeiro ano, a maior produtividade foi obtida com a aplicação de ácido bórico. Isso se explica, talvez, pela maior solubilidade do ácido bórico em relação à ulexita, ficando este mais rapidamente disponível para as plantas.
Desta forma, verificou-se que a aplicação de gesso e a aplicação de boro via solo, aumentaram os teores de nutrientes tanto no solo, quanto nas folhas de citros e promoveram um sensível incremento na produtividade, já no primeiro ano de utilização.
Em relação à forma de boro aplicada juntamente com o gesso, pôde-se verificar que o maior incremento dos níveis deste nutriente no solo e na folha foram obtidos com a aplicação de ulexita, porém, neste primeiro ano, a maior produtividade foi obtida com a aplicação de ácido bórico. Isso se explica, talvez, pela maior solubilidade do ácido bórico em relação à ulexita, ficando este mais rapidamente disponível para as plantas.
Desta forma, verificou-se que a aplicação de gesso e a aplicação de boro via solo, aumentaram os teores de nutrientes tanto no solo, quanto nas folhas de citros e promoveram um sensível incremento na produtividade, já no primeiro ano de utilização.
Engº Agrº Evandro Nei Oliver | |
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