É cada vez maior a adesão dos agricultores ao uso dogesso agrícola (sulfato de cálcio) em suas propriedades. Na região do Cerrado, que apresenta cerca de 80% de sua área com algum problema de acidez, como excesso de alumínio associado a baixos teores de cálcio, a utilização do gesso é responsável pela melhora significativa do ambiente radicular em profundidade para as plantas – uma das razões para o uso desse subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados na agricultura, cuja composição é 15% de enxofre e 18% de cálcio.
Ao contrário do que muitos acreditam, em solos ácidos, a deficiência de cálcio não ocorre apenas na camada superficial. O problema é constatado também abaixo dos primeiros 20 centímetros do solo, e, nesses casos, a calagem não corrige de forma satisfatória a acidez e a deficiência de cálcio. A aplicação do gesso supre o solo com cálcio e reduz a toxidez do alumínio até as camadas mais profundas. Dessa forma, ela favorece o aprofundamento das raízes e permite que as plantas superem o veranico e utilizem com mais eficiência a água e os nutrientes do solo. A profundidade do solo que a gessagem é capaz de corrigir depende da cultura. Para as anuais, a recomendação é que a gessagem atinja a profundidade de 60 centímetros e para as culturas perenes, 80 centímetros.
O pesquisador Djalma Martinhão, da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária localizada em Planaltina (DF), alerta, no entanto, para um erro comum: utilizar o gesso sem saber primeiro se é mesmo necessário. “Para fazer essa avaliação é importante que o agricultor conte com o auxílio de um profissional capacitado para analisar o solo e, assim, verificar se a área apresenta deficiência de cálcio e excesso de alumínio em profundidade”, explica Martinhão.
A tecnologia do uso do gesso na região do Cerrado foi lançada em 1995 e a Embrapa Cerrados foi quem primeiro recomendou seu uso. Nessa época, eram vendidas cerca de 200 mil toneladas por ano, “hoje já atingimos três milhões de toneladas por ano”, informa Martinhão. O sucesso dessa tecnologia, segundo o pesquisador, se deve ao fato de o produto reduzir as perdas em produtividade das plantas quando ocorrem os veranicos e ao aumento da eficiência de uso dos fertilizantes adicionados ao solo.
A amostragem do solo para as análises químicas, explica o pesquisador, deverá ser feita na profundidade de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm para culturas anuais. Para as culturas perenes, ele destaca que também é importante analisar o solo da camada de 60 a 80 cm. Nesses casos, é recomendado que o teor de argila seja determinado. Segundo Martinhão, se os resultados das análises indicarem que a saturação de alumínio é maior do que 20% ou o teor de Cálcio menor que 0,5 cmolc/dm3 há probabilidade de resposta do gesso e este deve ser aplicado ao solo.
Custo da tecnologia
A gessagem é uma tecnologia relativamente barata - uma tonelada de gesso está em torno de R$ 30,00. Dependendo do local da propriedade, o maior custo é o do frete, pois para suprir a região do Cerrado encontra-se gesso em Uberaba (MG) e Catalão (GO). Também é possível comprar o gesso nos estados da região nordeste do país.
Segundo o pesquisador, para cultura do café a relação custo-benefício desse subproduto é muito alta; ficando em torno de R$ 25,00 de ganho em cada real investido no uso do gesso em um período de oito anos. Para culturas como soja e milho, o retorno da aplicação em gesso é de 15 a 25 para um, ou seja, para cada real aplicado o retorno é de R$ 15,00 a R$ 25,00.
Fonte: Embrapa
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